sábado, 12 de novembro de 2016

Diminutivos caem bem quando aplicados aos nomes próprios... Janinha...
Samuelzinho...
Há até quem tenha recebido este carinho já na certidão 
de nascimento... a maioria das Terezas q eu conheço são.. na verdade Terezinhas... assim registradas em cartório!
No mais... os diminutivos são 
aceitáveis no universo infantil... quando a vida parece o Minimundo...

"Gostou do brinquedinho?!"... "Quer mais uma bananinha?!"
E ficamos por aqui... conversa entre gente grande não comporta excesso de "inhos" e "inhas"... a não ser q se esteja a serviço de um plano de tortura...
Uma vez... entrei numa loja cuja funcionária conseguiu abalar meus nervos... "Oiiii... amorzinho... posso te ajudar?!" ... "Qual é o teu nomezinho?!"  ... "Esta blusinha vai ficar uma gracinha"...
Parecia q eu estava na Saci.

Lembra da Saci... aquela loja de roupa infantil do tempo em q criança se vestia de criança?! Não agüentei nem dois minutos... fui embora antes q ela me fizesse regredir ao útero materno!

Tem aquela situação clássica.... quando te chamam de filhinha...
Uma vez 
testemunhei um palestrante responder assim à pergunta de uma moça

na platéia... "Veja bem... filhinha..."
Eu teria me levantado e dado boa-noite!

Atender por filhinha e filhinho... só se forem seus pais chamando... e eles
sempre lhe chamarão deste modo... mesmo q vc seja um filhão de
57 anos com 1m90cm de altura por 3 de largura...

Escolha... ganhar um beijinho ou um beijo?! Descolar um dinheirinho ou
ganhar dinheiro?! Comprar um carrinho ou um carro?!
A maneira como 
falamos revela como nos sentimos... se fazendo conquistas ou recebendo

esmolas da vida!
Algumas jamais tolerará ser chamada de mulherzinha... pq imediatamente estará permitindo q lhe etiquetem as piores qualificações... já que mulherzinha é fragilzinha...
dependentezinha... medrosinha... boazinha.... boazinha... o quê.... mulher tem q ser boa... ou má....

Melhor se precaver contra os q se aproximam cheios de diminutivos... pode ser afeto... mas também pode ser ódio!
Quando uma mulher chama outra de "queridinha"... está no fundo... querendo saltar na jugular da querida! Quando um homem diz: "Vou ali falar com aquele carinha"... há
grande chance de o papo terminar em pancadaria!

Pra completar,... tem aqueles q aprontam com vc e
depois dizem "foi brincadeirinha".

Cuidado com tanta meiguice!

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil. 

O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la. 

Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir. 

Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora. 

Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento. 

Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida. 

Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada.