quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Você não entende... mas eu peço abrigo....
Um abrigo bem claro... bem na minha frente... que dissipe frio.... ou incômodo qualquer....
Não entende... e me olha como se passasse por mim na rua... como se a vista do horizonte fosse maior que eu... como se eu fosse uma alegoria trançada num adorno qualquer....
Eu não peço esmola.... eu peço abrigo afetivo de verdade!
Queria mesmo é que você parasse pra perguntar como foi o meu dia.... sem antes me acusar de estar fria... distante... ou estranha.... certamente eu continuaria dizendo.... "Foi bom... tô bem..."
Bom e bem são sinônimos de toda crise interna que a gente não consegue afugentar... não acha?! Bem parecido como uma "rhum"... em que a gente resmunga pra dentro... momento em que respirar parece q incomoda o outro!
Dialética estranha... pra mim  até um suspiro me deixa curiosa...
E eu tenho tannnnnnnnnnnnta curiosidade em te conhecer abertamente!
De buscar cada pedacinho teu.... te levar prum mundo qualquer  pra te devorar....
Ouvir as suas histórias...  só pra te pintar nos meus escritos....
Esboçar um pouco dos teus olhos e das olheiras... que é pra te dar um ar humano... reconhecer suas falhas no papel...
E vc?! ....me pinta em aquarela pra me dar vida?!
Me tira daquele meu mundinho monótono que só faz de mim prisioneira de alguma coisa apática... de uma vida que eu jurei pra mim mesma que nunca viveria antes de guardar meus sonhos no baú e sair por aí vivendo o que a gente chama de vida....
Tô bem... foi bom... digo quando o telefone toca!
E na minha voz fica a marca dos trilhos rangendo... do peito rasgando... da carne se consumindo por dentro!
Bem e bom são sinônimos de um apocalipse pessoal!
Eu te confesso que tenho um porão escondido dentro de mim....
Vez ou outra eu revisito pra checar se a umidade já corroeu as vigas... as dobras das portas... as frestas do assoalho... Na maioria das vezes eu espirro por conta da alergia... e não tem ninguém ali a me oferecer um lenço!
Tudo bem... sou precavida... tenho levado o meu há anos a fio quando aprendi que a gente tem que se embalar na gente senão a coisa toda despenca!
Mas olha... eu faria do meu escuro um lugar bonito pra você me visitar....
Limpo tudo e deixo as coisas boas em cima dos móveis e um porta-retrato nosso...
Não precisa vir hoje... ou nem amanhã.... só venha....
Só vem .... e me tira dessa cidade perdida... dessa confusão que implica em me deixar com duas frases no meio da rua e uns pensamentos que cortam... me tira desse conformismo absurdo... e me afunda....
Me afoga... me enforca... me joga do alto de um edifício... mas não me deixa viver essa coisa que não me deixa ver todas as coisas boas que os seus olhos castanhos contam...
Só vem... larga as malas na porta... bota o pé pra dentro... me dá seu ombro.... e cuida de mim!